Algumas amigas tem me cobrado um depoimento sobre o desmame, pois costumo relatar ter sido relativamente tranquilo. Não sei se foi a natureza, que apagou qualquer dificuldade da memória - digo que esquecemos as dificuldades da maternidade em prol da preservação da espécie - ou se realmente foi fácil.
Decidindo pelo desmame noturno
Como mencionei anteriormente, a amamentação prolongada ainda gera quase que uma repulsa da sociedade. É vista como “coisa de quem não tem o que comer” ou “mãe que não larga o filho” e outras opiniões até piores. Agora, basta você falar sobre desmame e surge também um batalhão falando para não desmamar, para tomar cuidados e não causar traumas, entre outras coisas. Digo e repito o tempo todo: - Mães, só vocês e seus filhos poderão decidir o momento certo. Informem-se, mas ignorem todo e qualquer palpite.
Após meu filho completar 2 anos de idade, eu queria muito fazer o desmame noturno, mas uma série de crises de garganta adiaram meus planos. Durante estas crises, sei que a amamentação foi essencial para sua melhora. Em alguns dias da crise, ele se alimentava praticamente só do leite materno. Por outro lado, deixar ele voltar a mamar como um bebê, chegando a mamar de 3 em 3 horas durante a noite, me deixou exausta! Horários de bebê, mas com a fome de um menino!
Há algum tempo eu tentava a remoção gentil, evitando que dormisse no peito, e cheguei a conseguir uma melhora significativa. O problema foi ser vencida pelo cansaço. Alguns dias acordava vibrando, acreditando que meu filho tinha dormido a noite toda, mas meu marido logo dava a notícia “eu o levei até você duas vezes e você amamentou, não reparou?” Eu já amamentava dormindo, automaticamente.
Um pouco após sua melhora, eu estava decidida a realizar o plano do Dr Jay Gordon de desmame noturno, ele estava com 2 anos e 5 meses. Já havia tentado anteriormente, mas os planos foram interrompidos, pois não poderiam ser realizados durante crises de saúde ou mudanças. Meu cansaço estava causando-me irritação, problemas de saúde e, com tudo isto, menos disposição para brincar.
Plano e diálogo
Eu não queria mentir para o meu filho, fingir estar machucada ou passar algo nos seios. Não conseguia ver isto como uma boa estratégia. Antes mesmo de iniciar o plano conversei muito com ele, explicava que eu também precisava dormir bem, que dormindo bem teria forças para brincar mais com ele, passear mais.
No plano do Dr Jay eu deveria escolher um período de 7hs para não amamentar. Defini de 23h às 6h. Conversei que neste período mamãe iria dormir e ele não teria leite.
Nas três primeiras noites deveria oferecer o seio, mas não permitir que dormisse no peito. Para ele dormir, poderia niná-lo, mas coloca-lo acordado na cama. A primeira noite foi a mais difícil, muito protesto e pouco sono. Indico fazer este plano no período de férias ou pedir ajuda a família para poder tirar um cochilo durante o dia. Digo isto porque é vital a mãe conseguir ficar acordada à noite.
Na segunda noite o protesto já diminuiu. Na terceira, ele já quase não pediu peito no período da noite escolhido, mas ainda recebeu colo.
Na 4ª, 5ª e 6ª noite eu poderia dar colo, mas não oferecer o peito, também deveria diminuir cada vez mais o nosso contato. A quarta noite foi de grande protesto e choro. Precisei de apoio do meu marido, mas sabia que minha presença era vital, e fiquei firme do lado do meu filho. Na quinta já foi mais tranquilo e na sexta ele nem pediu mais colo. Os famosos toquinhos leves no bumbum seguidos de “Shhhhh. Está tudo bem” foram suficientes.
Nas próximas quatro noites, não deveria pega-lo no colo. Isto foi fácil já que ele na sexta noite não pediu para sair da cama. Na sétima noite um grande presente: ele dormiu a noite toda! A grande maioria das mamães sabe como isto é valioso! Foi sua, e minha, terceira noite de sono sem interrupção depois que nasceu!
Desmame completo
Após o desmame noturno, ele costumava pedir peito somente duas vezes ao dia: quando acordava e antes de dormir. Algumas vezes solicitou mais uma vez pela manhã, mas foram poucos os momentos. Estavamos caminhando para o desmame completo.
Passei a evitar sentar nos locais onde amamentava. Tarefa árdua, já que o amamentei pela casa toda. Até minha cadeira do escritório estava relacionada ao peito! Se ele não pedia, eu não oferecia. Assim seguimos.
Um mês e meio após o desmame noturno ele começou a esquecer o seio. Quase não pedia, passava dias sem mamar. Eu quietinha. De repente ele já estava sem mamar a uma semana, duas... um mês!
Foi suave, gradativo. Meus seios não ficaram explodindo, não tomei remédios. Ele, com o nascimento de novos amiguinhos, os imitava puxando minha blusa e falando “Gugu dada, sou bebê, vou mamar!”, em seguida dava gargalhadas e dizia “Isso é coisa de bebê!”
Confesso que a saudade demorou a bater. Amei amamentar, mas me doei ao máximo e fiquei exausta. Hoje sinto nostalgia dos momentos de amamentação. Felizmente eles foram substituidos por muitas brincadeiras, muitos abraços, muitos beijinhos e muito carinho.
Indico ler também este post mais do que completo sobre desmame Diga não aos desmame abrupto.
Aqui uma mãe relatou sua experiência de desmame seguindo o plano do Dr Jay Gordon