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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bullyng às avessas

Lembram do coleguinha de classe do filhão que mordia e empurrava os amigos? Não, ele não matou ninguém como alguns pareciam esperar. A criança evoluiu muito. Continua sendo uma criança agitada, às vezes estabanado, mas um ótimo menino. A escola orientou a família e com dedicação de ambos tudo melhorou.

Inocente que sou, pensei que tudo estava bem. Um belo dia recebo o aviso de uma reunião com os pais da turma do meu filho na escola, a escola enfatizando a importância de todos comparecerem. O motivo, a turma descriminando o menino com quem meu filho teve problemas. Vou chama-lo novamente de Pedro para facilitar.

Eu já tinha comentado com a direção que um dia observei a turminha taxando Pedro como mau. As crianças brincavam um dia na casinha de três porquinhos e quando Pedro falou que gostaria de brincar imediatamente falaram "você é o Lobo Mau". Ele inistia falando que não, mas os colegas insistiam que ele seria o Lobo. A escola prometeu observar e todos acreditavam que como ele evoluia, aos poucos os colegas esqueceriam, afinal crianças brigam e no momento seguinte se abraçam.

O mais triste e o que eu nunca esperava é que nada mudou, não por culpa das crianças, mas dos pais. Durante a reunião fiquei sabendo que alguns pais pediam a professora, na frente dos filhos, que não sentasse a criança perto do Pedro. A professora também presenciou adultos falando com alunos ao busca-los na escola " Pedro bateu em você hoje?" Nada de perguntar como foi o dia, a aula, a preocupação era somente em relação ao Pedro.

A criança percebe que tudo é o Pedro, que esperam que o Pedro bata, qual resposta vocês acham que ela dará? Para completar Pedro passou por uma cirurgia e ficou duas semanas ausente da escola. Durante este período 3 reclamações com a direção de que ele bateu ou mordeu colegas da turma. Como?! Virtualmente?!
imagem do site istockphoto.com

Durante a reunião recebemos todos um belo puxão de orelha da psicóloga da escola e da professora. No bate papo descobrimos que alguns pais ainda ensinavam o velho " bateu levou". Muita conversa e a psicóloga pediu o comprometimento de todos para não taxar nenhum aluno, muito menos ensinar a bater. Deveríamos agir como grupo para o bem coletivo.

A professora tranquilizou muitos pais sobre como seus filhos agiam em momentos de conflito, mostrando que crianças consideradas fracas e indefesas pelos pais sabiam muito bem se defender.

Aparentemente tudo parece estar melhor e espero que realmente todos estejam cumprindo o famoso combinado.

Fica o alerta! Crianças apenas precisam de carinho e atenção e, até os que passam pela fase de morder e bater, evoluem e mudam. Não estigmatize seu filho ou crianças ao redor.

Para quem não leu o texto anterior contando o que ocorreu, dando dicas para identificar bullying e questionando se ocorre ou não na educação infantil aqui está - Bullying na Educação Infantil

Atualização agora no ano de 2012 - hoje Pedro está entre os amigos mais próximos do meu filho. Continua super agitado, algumas vezes isto o torna estabanado, mas é uma criança alegra e carinhosa. Parabéns a mamãe dele!