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quinta-feira, 10 de junho de 2010

TEMPO


Tempo, tão valioso, precioso. Nossas escolhas com o que fazemos com ele fazem toda a diferença em nossas vidas. Será por isto estarmos sempre com tanta pressa?

Quando meu filho nasceu o meu tempo parou. Nada mais importava a não ser ele, a nossa família, mas o tempo não parou ao redor. Meu sogro, ainda na maternidade, perguntou quando viria o segundo neto. A médica, com 15 dias me liberou para atividades físicas e nas consultas sempre cobrava meu retorno a estas atividades. Amigos e familiares cobravam quando poderiam visitar o pequeno. Logo depois pessoas perguntavam quando eu deixaria o bebê com alguém para sair somente eu e meu marido, afinal, “vida de casal também é importante!”

Por que tanta pressa?! Por que?! Não consigo compreender. Outro filho? Quando quiser, quando puder, depois de curtir muito o primeiro, talvez...talvez!  Quando visitar? Assim que o bebê tiver a chance de se adaptar a este nosso mundo, um tanto estranho para ele. Assim que eu me adaptar a nova vida de mãe.

Agora vamos ao último ponto: sair eu e meu marido... para quê? Sim é saudável, é gostoso mas nós saímos assim durante  mais de 11 anos (contando namoro, noivado e casamento). Nós já nos curtimos muito e agora, queremos curtir nossa nova família. Mesmo se não tivesse tanto tempo de namoro ainda seria delicioso aproveitar cada minuto deste momento. Não somos mais  um casal, nos tornamos uma família.

Nos primeiros meses ficamos exaustos com as cólicas do pequeno, com as noites sem dormir, com a nova rotina. Ao mesmo tempo quando meu filho dormia corríamos para namora-lo no berço, apaixonados. Nos entreolhávamos cansados, exaustos, mas com grande felicidade, uma explosão de amor jamais sentida.

Posso afirmar:  - Curtimos todos os instantes no primeiro ano de vida do meu filho. A primeira (e muitas outras) mamada, os cochilos, ele aconchegado em nós, o primeiro sorriso, o primeiro balbuciar, as primeiras brincadeiras, as primeiras papinhas e frutas, as primeiras palavras, os primeiros passos...

Fiquei com a famosa gordurinha na barriga ainda flácida, saimos pouco, tive o privilégio de poder reduzir bem meu ritmo de trabalho e aproveitamos muito, muito, este tempo que não volta.

Aos poucos nos adaptamos a nova rotina de família, de casal. Aos poucos e sempre aprendemos sobre nosso papel de pai e mãe. Retomei com alegria meu trabalho, as visitas, as festas, os encontros com amigos. No nosso tempo...sem pressa!

imagem: www.gettyimages.com.br

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Minha Vila


Imagem do Site VisitKorea

Durante a gravidez li um livro sobre parto normal que mostrava em determinado momento a diferença do apoio da comunidade à mulher grávida e em resguardo hoje e no passado. Quando ainda se moravam em vilas, pequenas comunidades, a nova mamãe recebia o apoio das mulheres da vila, seja com o bebê ou com os cuidados da casa. Nunca mais esqueci isto. Tão diferente dos tempos modernos no qual mal encontramos tempo para estar com amigos e familiares.

Depois de 40 semanas de gestação meu filho, meu presente, chegou. De repente estava em casa com aquele pacotinho lindo, um sonho realizado...mas e agora? Na primeira noite em casa, talvez por reação de uma vacina, ninguém dormiu. Ele chorava constantemente e eu e meu marido nos entreolhavamos desesperados por não entender o que acontecia. Com 15 dias começaram as cólicas... eu vivia cansada, sem dormir. Em algumas crises eu chorava junto com ele. Mesmo restringindo minha alimentação, tentando diversos métodos, as crises eram fortes e constantes. Conclusão, não conseguia quase passear com ele e me sentia isolada.

Neste período eu acabei conseguindo, de forma virtual, construir a minha vila. Uma comunidade recente no orkut, formada na maioria por mães de primeira viagem. Lá recebia carinho, apoio. Vi mães com dificuldades ainda maiores que a minha, outras não... mas todas passando por uma transformação enorme em suas vidas. De repente não era a única cansada, a única a me questionar se teria mesmo nascido para ser mãe, a única por chorar quando o filho sofria de dor (mesmo sabendo não ser nada grave), a única com mil questionamentos sobre cuidados com o bebê e mais, a perceber como tudo era diferente na prática.

Mamães mais experientes de diversas comunidades e blogs me enviavam dicas, me ofereciam um ombro amigo, arrumavam um tempinho via skype ou msn para simplesmente me escutar. Formei amigas com as quais troquei informações e abobrinhas. Com elas chorei e ri. No curto período entre filho, trabalho e sono era lá que mantinha alguma vida social.

Hoje continuo conhecendo mães pelo mundo virtual e com cada uma aprendo cada vez mais. A vocês mamães, minhas amigas, a minha grande vila, deixo a minha gratidão, o meu muito obrigado!

Anamaria Mendes