Há algum tempo pensava em escrever sobre minha experiência. Participei em outros blogs na Semana de Incentivo a Amamentação, mas fiquei devendo aqui. Me desculpem, mas o relato é longo, afinal foram 2 anos e meio amamentando.
Amamentação e gravidez
Toda experiência é única. A minha foi muito prazerosa. Sofri mais durante a gravidez, pois fui mal orientada e passei a toalha na tentativa de preparar os seios. Os bicos ficaram fragilizados e voltei a sofrer com uma alergia que tive anos atrás. Conclusão: durante parte da gravidez meus seios estavam em carne viva! Tinha que ficar sem blusa em casa. A cura veio poucos meses antes do parto, através de homeopatia e banana. Os hidratava com a parte interna da banana. (Nota: se tentarem isto, usem sutiãs bem velhos pois a mancha não sai nem com os alvejantes milagrosos!)
Depois disto o preparo foi feito de forma correta. Banho de sol pela frestinha da janela ou banho de luz.
Os 6 primeiros meses
Eu digo que a amamentação foi meu segundo momento mágico. O primeiro certamente foi a chegada do meu filho. A pega foi correta de imediato. Não senti dor e a santa Lansinoh impediu que o princípio de rachaduras virassem algo dolorido. Brinco que, assim como com o desfralde, não tive grande mérito, tive foi sorte.
Algumas pessoas relatam que é preciso estar preparada psicologicamente. Eu digo que é preciso ter vontade, mas também sorte. Digo isto porque conheço pessoas aptas a amamentar, preparadas, informadas mas que mesmo assim enfrentaram dificuldades. (Leiam o blog da querida @flaviapbernardo, um exemplo de persistência).
Difícil avaliar o porque de algumas mulheres conseguirem amamentar e outras não. A diferença pode ser o apoio recebido ao redor. Falei sobre o preparo psicológico, pois o querido Dr Nicim, pediatra do parto e homeopata salvador, me disse em uma conversa: “Vai sem medo”. Lembro de repetir suas palavras em minha cabeça, momentos antes de iniciar a amamentação.
Três dias após o nascimento do meu filho deixei de ter apenas colostro e o leite desceu...ou posso dizer subiu? Isto porque de repente eu não tinha seios, mas duas bolas de futebol. Segundo a exagerada da minha mãe, quase batiam no meu queixo! Novamente informação e experiência de outras mamães evitaram um problema, a mastite. Meus seios começaram a empedrar, dor na hora da mamada, dooooooor. A solução além da amamentação em livre demanda: retirar o excesso de leite de forma que não estimulasse ainda mais a produção. Usei uma bacia com água, os coloquei dentro e “rebolei”! Dica das Amigas do Peito. Tão atenciosas!
Meu filho sempre mamou muito, e as poucas vezes em que ele dormia um pouco mais eu acordava com os seios já doendo de tanto leite. Quase rezava para ele acordar! Retirava com a bomba, depois peguei o jeito da ordenha manual. No início dormia com as conchas (as minhas tinham uma esponja para colocar dentro) ou acordaria encharcada. Mesmo assim acordei algumas vezes banhada em leite.
Todos acham uma sorte a grande produção de leite, poder doar para outras crianças. Concordo em parte, mesmo com o risco da reação de algumas mães. Sofri com o excesso de leite. A minha roupa estava constantemente molhada, mesmo com conchas e protetores. Eu cheirava a leite. E o pior, descobri meses depois que uma das causas das cólicas do meu filho pode ter sido o excesso de leite. A criança ao sugar, quando o leite vem com tanta vontade quanto o meu, ingere ar também, o que causa cólicas.
Aaaaaaaaaa as cólicas. Capítulo a parte. Na tentativa de evita-las ia deixando de comer tudo que poderia gerar gases. Ainda me alimentava bem pois amamentar dá fome mas não sei se foi o medo das cólicas ou a voracidade do filhão, mas um mês após seu nascimento eu estava 1Kg mais magra do que quando engravidei. (Sei que me perguntarão quanto engordei na gestação. 12 Kgs)
Amamentação é pura doação, um ato de amor. Quem amamenta em livre demanda entende bem isto. Se você consegue a meta dos 6 meses exclusivos sabe como é uma vitória. Não é fácil programar a vida em relação a rotina do bebê, estar lá a sua disposição sempre que ele desejar. De mulher independente, de repente me programava ao redor de um serzinho lindo.
Meu filho nunca aceitou bem a mamadeira, copinho e colher a contragosto. Isto nos fez sair correndo dos poucos encontros e datas importantes de amigos dos quais participamos nos primeiros seis meses de vida do meu filho. Se nos arrependemos? Não! Vivemos a parentalidade de forma intensa nos primeiros meses.
Amamentação prolongada
Quando você completa 6 meses começa a pressão externa para parar de amamentar. Isto pode soar entranho com tantas campanhas pró amamentação e mamães dando relatos de amamentação prolongada no mundo virtual.
As pessoas até aceitam bem no primeiro ano de vida da crianças. Amamentei até dois anos e meio e depois do primeiro ano o amamentar era acompanhado por olhares estranhos e comentários nada motivadores, principalmente da família.
Na casa da minha mãe, quando meu filho pedia peito, mesmo após ter comido seu café da manhã, era comum escutar comentários dos tios como “Larga esse peito que você já está grande!” “Dá uma trégua para sua mãe!” Eles não entendiam que isto ocorria principalmente quando ele tinha passado a noite lá, sem os pais. Na maioria das vezes ele buscava o aconchego, a aproximação.
Quando isto ocorria eu me inclinava e falava baixinho para ele e dizia "Liga não filho. Só importa o que você quer. Mamãe está aqui com você". O desmame (tema para outro post) foi no nosso tempo, sem grandes sacrifícios.
Sei o quanto a amamentação foi vital para saúde do meu filho. Hoje, olhando para trás enfrentaria tudo novamente: as noites sem dormir, os banhos de leite, estar a disposição dele durante a livre demanda. Os momentos amamentando são lembranças maravilhosas, de pura sintonia e amor.
Esta última foto traduz um pouco nossos momentos, olho no olho...
Suspiro aqui só de lembrar!
7 comentários:
Que lindo seu depoimento... e realmente esta última foto está D+... me emocionei pq também suspirei e lembrei dos meus momentos amamentando e os meus bebês me olhando assim...igualzinho... que saudades amamentar é TUDO !
beijos
Ana, adorei seu relato! Lindo!Adorei as fotos, pura emoção. Amamentar por tanto tempo é gratificante demais.
O Lucas mamava muito próx aos 2 anos? Pergunto pq Enrico não tem horário fixo, ainda me sinto meio que em livre demanda.rs Ele ainda pede peito qdo está frustrado, qdo recebe não. Nestes casos eu tento "consolá-lo" com abraço, beijos, conversa, para ele se sentir mais seguro, mas nem sempre é suficiente. Resumindo, ele ainda mama muitoooo! rs
Beijão
@drakfalsarella
Tb fiquei com saudades vendo as fotos.
Gi,
faça algo que não fiz. Passamos a tirar fotos dele comendo e tirei pouquíssimas fotos dele mamando e depois nenhuma dele sendo amamentado já maior.
Lucas alternava...gostava mesmo do peito a noite e passamos fases sem nem poder sair neste período. Ele também procurava o seio quando precisava de um carinho extra. Algumas vezes conversa e carinho bastavam, em outras não.
Na última grande crise de garganta, qud relatei que voltou a mamar como um bebê minha produção disparou. Assim que ele voltou a conseguir comer passou a mamar pouco novamente e com isto eu quase tive mastite. Só não tive pq as Amigas do Peito me deram dicas excelentes.
ELe gostava muito de mamar qud acordava, antes de dormir e durante a noite. Algumas vezes pedia antes da escola. Pediu inúmeras vezes, por motivos óbvios, durante a adaptação na primeira escola e depois quando mudamos de escolinha (logo após os 2 anos).
Vc vai notar que aos poucos Enrico vai aceitar cada vez mais os carinhos no lugar do peito.
Caso queira diminuir o ritmo tente evitar ficar nos locais onde costuma amamenta-lo.
Bjocas
Linda foto. Realmente traduz tudo!
Lis, obrigada querida
Oiii!
Lindo seu texto, meus seios não empedraram, até pq o menino ficava 20hs por dia pendurado no meu peito, como relato no meu blog.
Mas quero lhe parabenizar pela força de vontade, de ter continuado a amamentar.
Linda a última foto! Total cumplicidade entre mãe e filho!
Beijos, Ananda.
http://projetodemae.wordpress.com/
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